domingo, 11 de junho de 2017

Custou muito. Ainda mais levando em conta que eu já tinha pagado um preço altíssimo. Rastejei a cara na sarjeta, na lama, no seu silêncio. E então abri os dedos. Então soltei o que quer que fosse que ainda me prendia ali. Doeu. Até hoje doí. Foi como rasgar um pedaço da minha própria alma. Mas, eu soltei. Tinha que soltar. Enquanto havia um traço de mim para recomeçar.
- - Detalhar

sexta-feira, 3 de março de 2017

"Acho que fiz tudo do jeito melhor, meio torto, talvez, mas tenho tentado da maneira mais bonita que sei."
- Caio Fernando Abreu
"Todo dia eu penso: podia sentir menos e menos e menos. Mas não adianta, tudo me atinge, abala, afeta, arrebata, maltrata, alegra, violenta de uma forma absurda e intensa. Nasci pra ser intensa e dramática. Nunca sei direito se a vida me fez assim, as situações fizeram com que eu me tornasse assim, não sei, não sei. A última e única coisa que lembro é de sentir. Eu sinto o sentir. Sei que parece papo de louco, mas é verdade, é real, sinto demais. A realidade me consome. Mas me consome e-xa-ge-ra-da-men-te. A vida maltrata quem sente demais. Quem sente demais acaba sofrendo mais que a maioria das pessoas. Tudo importa, tudo é exagerado, tudo é sentido de corpo e alma. Alma, principalmente."
-Clarrisa Correa
"É foda quando bate aquela tristeza e te dá angústia por não saber exatamente qual motivo você está mal. Porque querendo ou não, você não consegue explicar o que está acontecendo, só que está triste e dói, dói bastante."

- Ana Lua

quarta-feira, 11 de janeiro de 2017

Desastre Ambulante

As palavras fluem com facilidade quando eu não queria que elas fluíssem. No fone um som toca no volume máximo e tenho certeza que se alguém estivesse aqui, conseguiria ouvir de longe. Falar de mim mesmo é um pouco mais fácil que eu presumia e estas palavras refletem meu martírio orgulhoso de ser quem eu sou. Eu sou um desastre ambulante. Um furacão se aproximando, pronto pra varrer tudo – às vezes literalmente – daquilo que se encontrar na minha frente. Vivo dançando na lua e pensando: – Afinal, eu já não tenho tudo? -. Por vezes eu realmente acredito nisso. Em outras sou racional, ainda que muito pouco. Posso voar alto ou cair no precipício, tudo depende do dia. A real é que não consigo me encontrar em um estado considerado normal. Ou é tudo ou é nada. E é sempre poesia. Um drama ou uma comédia, um estado de manipulação. Hoje eu tenho um milhão. Amanhã? Não sei. Decisões-importantes-sérias-drásticas-e-cruéis-da-vida: – Aqui vou eu! Tomando todas, one by one, pra qualquer lugar que queiram me levar. Eu brinco com fogo e sempre acabo me queimando; uma criança que cresceu e continuou sendo infantil.
Tenho um problema sério em me pôr no meu lugar, eu sempre quero mais. E não ousem dizer que não sou dono do mundo; ao menos do meu sei que sou. E assim sendo, posso viajar para onde eu quiser. Viajar sem sair do lugar ou fugir fisicamente de tudo. Se ele não gira ao meu redor, que me deixem girar ao redor dele. Frequências perdidas me fazem voltar. Eu sempre volto. Sou a ambiguidade em pessoa: daqueles que tatua a anarquia no braço esquerdo e escreve sobre respeito com a mão direita. Que quebra um pé e segue chutando a bola com o outro. Que fala que não quer nada e no fundo articula tudo. Que se faz de livre e no fundo morre de carência do mundo; a necessidade de ser amado está impregnada em mim ao passo que a rebeldia é parte de um charme que talvez eu sequer tenha.
Falsidade? Não meus amigos: duplicidade. É o preço que gente assim como eu paga: querer muito, querer tudo e acabar querendo coisas opostas. E quando os opostos se atraem? É colisão na certa! E dessa forma acabo sendo mal-interpretado. Reajo com explosão, aumento o tom de voz e imponho as minhas verdades ao mesmo tempo em que silencio para evitar problemas, saio de rompante e revejo todos os meus conceitos. Quem sabe eu escolha as horas erradas pra fazer um ou outro: sou assim mesmo, um desastre ambulante. Quebro objetos, derrubo coisas, estrago relações, destruo sentimentos. Tudo absolutamente sem querer, juro! Tropeço, caio, derrubo e levo comigo. Vou e volto numa tremenda indecisão. Esqueço coisas importantes, falto compromissos sérios. No fundo, não tenho o menor interesse em levar a vida entre a cruz e a espada. Só queria que todos tivessem a vontade que eu tenho de perdoar, deixar os erros pra trás, incentivar o crescimento, criticar menos.
Nem tudo dá pra ser como eu quero e nada me satisfaz. Os conceitos raramente mudam e eu sigo sendo visto de formas que não me traduzem. Pra muitos, eu sou um desastre ambulante. Pra mim, eu sempre fui muito mais importante que isso. Bem-intencionado dentro do entusiasmo, da subversão e da magnanimidade. Quem sabe se eu estragasse menos as coisas…
- Paulinho Rahs 

sábado, 26 de novembro de 2016

O que eu não deixo...

Talvez você nunca seja capaz de me entender e talvez nem queira. Você foi a segunda pessoa que me fez sentir o mundo alinhando a primeira vista. Gostei do seu perfume, da força do seu abraço, da sua voz, da maneira com que você me olhava e da segurança aparente que me passava. Não foram precisos mais de quinze minutos para que eu entendesse dentro de mim que você era uma daquelas raridades que o destino nos traz de presente as vezes. E eu fiquei feliz. Insegura. Meio doida. Com medo. Mas feliz. Me senti viva de novo, com o coração quentinho e achei o brilho nos olhos de novo. Você nem imagina, mas eu tinha perdido tudo de bom que existia dentro de mim pelo caminho e graças a você dizer de forma firme tudo o que eu nem sabia mais que precisava, eu me senti viva. Não sei bem onde foi que eu me perdi, nem em que momento você resolveu desistir do problema ambulante que eu sou. Mas doeu. Doeu porque com você nada foi a toa. Nada foi simples. Com você eu larguei os medos, os motivos e as desculpas pra não me envolver de verdade. Com você eu baixei a guarda, desfiz a cara amarrada, deixei você entrar. Acreditei em destino. Tentei fazer tudo certo. Te mostrei meu lado mais medroso, meu lado mais fraco, com a certeza de que eu teria colo e aí que eu errei. Ao pensar que você me entenderia e me protegeria do mundo e de mim mesma, eu pisei em falso. Acordei na queda. Voltei pra realidade. Você se afastou, eu te afastei. Fiquei brava, irracional, tentando te fazer me odiar e ir embora de vez. Mas você ficou em cima do muro. Hora querendo o mundo todo menos eu. Hora querendo estar perto. Ficou ali sem decidir. Sem demonstrar. E tudo que eu entendi foi a indiferença. Você passou do cara que me fez sentir vontade de andar do lado de alguém mais uma vez para o cara que tocou o foda-se pra minha existência. Passou a me ver com os olhos estranhos de quem não entende mais minhas atitudes, com a certeza de que eu sou um drama apenas e com a forma fria de não enxergar em mim mais coisas boas. Eu te avisei que eu era complicada, brava e que se eu perdesse a confiança em você, seria difícil. E eu perdi. Perdi a confiança. Perdi a felicidade extrema que te ver me causava. Perdi até mesmo a vontade de me descomplicar pra você querer ficar. Perdi muito. Mas não deixei de te olhar com os olhos de quem sente por você uma imensidão inexplicável e concreta. Não deixei de te querer. De querer ser pra você alguém maior que uma muralha. Não deixei de te desejar, de sentir sua falta, de querer você deitado comigo na cama. Não deixei de pensar em jeitos pra você ficar. Não deixei de desejar por uma chance pra nós dois. Não deixei de pedir em oração o tempo inteiro pra você me desarmar, me abraçar e desistir de ir embora. Não deixei de querer não ter explosões. Não deixei de precisar de você. Não deixei de querer te ver todos os dias. E acima de tudo não deixei o lado que te vê como um lixo, ser maior do que o lado que te vê como o homem que eu queria chamar de meu. Pra ser sincera, tudo o que eu queria era nós dois mais uma vez recomeçando o caminho que eu achava que seria nosso por muito tempo. Mas se você não voltar, tudo bem, eu me ajeito com meu coração e dou um jeito de ter certeza que no fim das contas... Só não era pra ser.

sábado, 8 de outubro de 2016

Das minhas orações

Não tem um dia que eu não coloque os joelhos no chão e ore com toda a alma que eu tenho em mim pra poder te deixar ir sem que isso termine de me destruir. Não tem um dia que eu não ore pra você estar bem, pra estar feliz e pra voltar são e salvo do trabalho.

Eu oro pra você pra estar bem, enquanto eu estou destruída. Oro porque nesse momento, é tudo o que eu consigo fazer, por mim e por você. Oro porque orar me parece uma saída mais saudável do que gritar e tentar dar murros em ponta de faca como sempre fiz.

Você me fez chorar quando se afastou. Você me destruiu quando escolheu ir por outro caminho. Me quebrou em um zilhão de minúsculos pedaços quando disse que tinha escolhido ela, de novo. Você me esmagou com o teu egoísmo, me amargou a boca com o teu silêncio e me fez repensar minha vida com tua indiferença. E ainda que minhas cicatrizes estejam expostas, ainda que minhas feridas estejam em carne viva e eu grite por socorro, eu não desejo o teu mal.

Então eu oro. Oro pra que Deus cure meu coração, pra que Ele pare as lágrimas, pra que Ele me devolva a alegria e vontade de viver. Oro pra que Ele não permita que você se reaproxime e que te faça o homem mais completo do mundo sem mim.

Eu oro milhares de vezes por dia, oro e imploro por não aguentar mais pensar que te dizer adeus se tornou impossível. Que deixar de te amar, é inconcebível. Que não pensar em você, não vai acontecer. E embora isso tudo seja insuportável, no fim dos meus dias eu fico quieta pensando que segunda feira eu estou entrando em um avião pra me afastar. Fico quieta pensando que você tá com ela. E que eu tô com ele. E que ainda que pareça impossível, naquele dia no meio do shopping eu vi pelos teus olhos que esse amor todo que eu achei que só existia aqui, ainda existe aí também.

Mas eu preciso ir, porque ficar tá me destruindo.

Então todos os dias eu vou colocar os joelhos no chão e orar, orar pra esse amor sumir. Orar pra te esquecer. Orar pra sermos felizes longe um do outro. Orar pra que o adeus que nunca veio, o tempo traga com o carinho de um amor pra vida inteira. Vou orar pra que você fique onde está, pra que não me procure e não me queria nunca mais. Orar até me sentir capaz de te dizer ainda que em textos soltos pelo mundo, que eu te amo sim, mas que te amar destruiu tudo o que eu tinha dentro do peito duas vezes e que isso, pode até ser amor, mas não é o que eu quero mais pra minha vida.

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Então comecei a entender que o amor é um senhor teimoso de braços cruzados, emburrado até conseguir o que quer. Pensei: Você pode até cruzar o mundo.Virar do avesso. Mudar seus gostos e seus planos. Pode até casar novamente, ter filhos e mudar de cidade. Mas o que tiver que ser seu, sempre será. Não adianta brigar com o amor, ele até pode dar um tempo, uma trégua, mas quando ele escolhe duas vidas, ambas viram bússola uma da outra. Não se perdem e tampouco se desconectam.
- Autor desconhecido

quinta-feira, 29 de setembro de 2016

O pior silêncio

Eu ando tão confusa com esses sentimentos aqui dentro do peito que as vezes tudo que eu quero é sair de dentro de mim e estar em um lugar calmo, silencioso e tranquilo. Sem ficar enfrentando as milhares de batalhas que meu coração trava com a minha razão. Sem ficar pensando que o amor mesmo é assim, totalmente sem sentido e sem explicação. Você só sente e sente e sente e sente, independente da reciprocidade ou proximidade da pessoa. Você não esquece, não troca, não deixa pra lá. Mesmo que isso te faça ser a pessoa mais idiota do universo. Mesmo que isso te destrua. Mesmo que isso se torne irracional e todos a sua volta te achem maluco ou idiota. Você não segue em frente. Não inteiro. Não por querer. E eu não quero ficar pensando mais nisso. Porque você foi embora pela segunda vez e pela segunda vez, eu continuei te amando da mesma forma. Pela segunda vez eu continuei em pedaços com fragmentos seus que vão ser tudo o que eu vou ter. E você nem imagina a dor que me causou ou o medo que me fez sentir de querer sentir algo além disso. Hoje eu tô morrendo de medo porque eu me apaixonei por outra pessoa, mas se essa pessoa for embora eu só vou voltar a te amar cem vezes mais. Só vou voltar a respirar em baixo da água e eu quero respirar ar puro. Não quero sentir esse desespero e essa confusão a todo momento. Não quero lembrar de você. Pensar em você e nem em tudo que me faz ser essa pessoa irracional que eu me torno por tua culpa. Eu quero reciprocidade. Quero ele. Quero uma família linda, enorme e unida. Quero que o nó na garganta passe. Quero que você passe. Quero te esquecer de uma vez por todas e seguir em frente. Mas eu continuo aqui. Pensando. Sentindo. Gritando. Implorando. Querendo ser qualquer pessoa, menos a que eu olho no espelho todos os dias. E eu ando tão confusa, que pra ser sincera, até o que era certo se tornou incerto, porque pela segunda vez eu não entendo o que aconteceu pra te perder assim do dia pra noite, em silêncio, sem maiores explicações.